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World Skate define entidade que vai representar skate brasileiro nas Olimpíadas de Paris 471f5i

Pâmela Rosa, Rayssa Leal e Letícia Bufoni, skatistas brasileiras, posam para foto nas Olimpíadas de Tóquio disputada em 2021. Ezra Shaw/Getty Images

A World Skate (WS), federação internacional de skate filiada ao Comitê Olímpico Internacional (COI), definiu nesta quarta-feira (10) que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) será responsável pelo skate brasileiro até o final das Olimpíadas de Paris após uma verdadeira "novela" que já dura 5 anos.

A entidade internacional divulgou uma resolução explicando a decisão e fazendo duras críticas à Confederação Brasileira de Skaterboarding (CBSk), e, inclusive, desfiliou a entidade. A polêmica surgiu em 2019 quando a World Skate exigiu que todos os países tivessem apenas uma confederação que cuidasse de todas as modalidades que estão embaixo de seu "guarda-chuva" como o skate, o hóquei e a patinação.

Como no Brasil, existiam duas confederações, a CBSk e a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP),filiadas à WS, elas precisariam chegar a um acordo de como seria feita essa representação, o que não aconteceu.

Após diversas tratativas e, segundo a resolução da World Skate, apenas a CBHP fez uma proposta oficial para tentar uma solução, que foi rejeitada pela CBSk. O prazo para essa resolução era até o final de dezembro do ano ado, e, como nenhum acordo foi alcançado, a federação internacional de skate optou por determinar que o COB será responsável pelo skate nos Jogos Olímpicos, até o final da edição de Paris-2024.

Dessa forma, o Comitê Olímpico do Brasil será responsável por toda a gerência técnica, esportiva, financeira do skate e de todas as suas modalidades, inclusive as participações dos skatistas brasileiros nos eventos qualificatórios olímpicos. O próximo evento que conta pontos para o ranking classificatório olímpico acontece em fevereiro e março em Dubai.

A diretoria executiva da World Skate teve que decidir essa situação em 12 dos 136 países filiados à entidade. Ou seja, além do Brasil, outras 11 nações também não conseguiram chegar a uma solução. No caso brasileiro, segundo a WS, a Confederação Brasileira de Hóquei Patinação propôs o seguinte no ano ado:

"O melhor modelo para o Brasil é estabelecer uma Federação "guarda-chuva" chamada Skate Brasil, dentro da qual, nós teremos comissões técnicas diferentes para as 13 modalidades representadas pela CBHP e CBSk. Cada comissão técnica terá automomia financeira e gerência técnica, cumprindo os requisitos da World Skate, do Comitê Olímpico do Brasil, do Ministério do Esporte do Brasil e das leis financeiras."

A CBSk realizou uma assembleia nacional que decidiu recusar a exigência da World Skate de que cada país tivesse apenas uma confederação filiada à entidade e, dessa forma, ainda segundo a resolução da World Skate, criou um ime. Segundo a federação internacional de skate, a CBSk ainda se recusou a dialogar com a CBHP e não fez nenhuma proposta para a World Skate, a não ser enviar uma proposta informal antiga da CBHP de 2021.

A World Skate ainda criticou a CBSk por engajar uma campanha midiática difamatória contra a federação internacional e suas regras, confirmada pelo Tribunal Arbitral do Esporte, e por violar as obrigações dos pontos a, b e c do artigo 4.2 do seu estatuto. A diretoria executiva, então, decidiu por retirar a Confederação Brasileira de Skateboarding do seu quadro de membros.

Nessa mesma resolução, a World Skate determinou que a CBHP será responsável por estabelecer uma entidade governamental para o Brasil até abril de 2024 que cumpra os seguintes requisitos:

  • Criação das condições necessárias para existir um único orgão nacional governamental responsável por todos os esportes sobre "rodinhas" (skating wheels);

  • Revisar o estatuto para que siga a Carta Olímpica e os requisitos da World Skate e garantir autonomia técnica e financeira para cada esporte;

  • Mudar o nome da federação para Skate Brasil;

  • Obedecer as diretrizes da World Skate e do Comitê Olímpico do Brasil;

Além disso, a diretoria executiva da World Skate convida o COB, junto com alguns de seus representantes, a acompanhar e apoiar que esses objetivos acima sejam cumpridos.

Muitos skatistas de peso, como Pedro Barros e Rayssa Leal, apoiaram a CBSk em sua campanha contra essa "fusão" e a confederação ainda publicou uma carta aberta no início do ano alertando para um risco da autonomia do skate brasileiro.