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Os bastidores do fim da era Klay Thompson nos Warriors (e por que astro quis Mavs e não os Lakers) y5km

Klay Thompson decidiu deixar o Golden State Warriors após mais de dez anos e assinou um contrato de três temporadas com o Dallas Mavericks, no valor de 50 milhões de dólares (cerca de R$ 281 milhões). Mesmo com o fim de contrato, a saída ou longe de ser fácil, com bastidores conturbados que o levaram a tomar a decisão de reforçar os atuais vice-campeões da NBA. Resumindo: ele precisava de novos ares.

O jogador de 34 anos ou toda a sua carreira com os Warriors, tornando-se um ícone da franquia e um símbolo de uma era muito vitoriosa, que resultou em incríveis quatro títulos. Ao lado dos seus “irmãos” Stephen Curry e Draymond Green, comandou o que foi a dinastia mais bem-sucedida da última década no basquete. Entretanto, mesmo com essa importância, ele nunca foi a pessoa mais aberta com os integrantes da equipe.

Os últimos anos dos Warriors, e de Klay, não foram nada fáceis. Desde o título de 2022, com o retrospecto de 90 vitórias e 74 derrotas nos últimos dois anos, fora até dos playoffs na última temporada. Thompson também viveu seus piores anos enquanto profissional. Por isso, a direção da franquia chegou a uma conclusão: era necessário chacoalhar a equipe. Ao mesmo tempo, o ala de 34 anos também pensou: por que não lutar por algo novo e diferente?

E esse raciocínio não foi surpresa para quem o conhecia. No último ano, Thompson esteve "infeliz", como disse à ESPN uma pessoa próxima a ele. Insatisfeito com o andamento das negociações da renovação de contrato e com a ideia de que não era respeitado e valorizado pela franquia da mesma forma que Curry e Green. Ele estava incomodado com sua função cada vez menos importante na equipe e com o declínio da qualidade do seu jogo também.

Foi por isso, então, que ele ligou para seus antigos colegas de equipe, seu técnico e toda a direção dos Warriors para avisar: gostaria de jogar por um novo time. Demonstrou interesse, e ou perto, de jogar pelo Los Angeles Lakers e pelo Oklahoma City Thunder. No fim sua nova casa seria a que era sua favorita desde o começo do processo de negociações: os Mavericks.

Mas por que os Warriors deixaram esse ressentimento crescer tanto? E por que optaram por “abrir mão” de um ídolo? Do outro lado, por que Klay não tentou insistir mais com a equipe que o tornou tetra campeão? E por que Dallas?

Por que os Warriors não renovaram com Klay Thompson? 6q4845

Klay Thompson viveu um momento difícil ao ar dois anos longe do basquete, devido a duas graves lesões seguidas no joelho. Sua luta para voltar às quadras foi uma das melhores histórias do esporte na época e o campeonato da NBA em 2022 foi uma prova de sua resiliência. Mas, desde aquele título, tudo ficou em baixa – tanto a equipe quanto o próprio jogador. A alegria, uma característica marcante dos Warriors desde 2015, havia se evaporado.

E, de certa maneira, os Warriors estavam se afastando de Thompson desde que ele estourou o joelho esquerdo nas finais da NBA de 2019, contra o Toronto Raptors. Eles não queriam, mas tiveram que encontrar substitutos enquanto ele perdia duas temporadas devido às lesões. Quando voltou, em 2022, o jovem armador Jordan Poole retornou ao banco de reservas para que o ídolo da equipe pudesse ser titular. Mas a mera presença do jogador – e a situação do seu contrato – prejudicou o papel de Klay na equipe.

Os Warriors priorizaram a prorrogação do contrato de Poole, por quatro anos e R$ 778 milhões, e do jovem Andrew Wiggins (quatro anos, R$ 606 milhões) em detrimento de Thompson e Draymond Green após a conquista do campeonato, o que não agradou a nenhum dos dois veteranos.

Green, no final das contas, jogou bem o suficiente para eventualmente ganhar um novo contrato de quatro anos em 2023. Thompson tentou fazer o mesmo, anotando 22 pontos por jogo e acertando 41% dos arremessos da linha de três. Mas quando chegou a hora de discutir um novo contrato, a organização não estava pronta para oferecer a ele os mesmos anos ou o salário que havia dado a Green.

Os Warriors estavam determinados a manter o máximo de opções abertas em termos de montagem de elenco, principalmente levando em conta o quanto eles poderiam gastar nessa missão, de acordo com o teto salarial imposto pela NBA. Green, entretanto, tinha a vantagem de estar próximo do fim do contrato, algo que ainda não era a realidade de Klay.

Quando a intertemporada chegou, os representantes de Thompson propam pelo menos quatro contratos. Em todas as vezes, a resposta dos Warriors foi que ele precisava esperar enquanto a franquia tentava melhorar o time fazendo outras negociações primeiro. Era óbvio: Klay não era a prioridade.

Então uma divisão ocorreu nos Warriors. Steve Kerr e a comissão técnica queriam manter o grupo juntos, enquanto a direção buscava por novos nomes. A resposta de qual caminho era o melhor se deu após a equipe terminar em 10º lugar na Conferência Oeste e ficar fora dos playoffs. A estratégia a seguir seria a de buscar mudanças. O elenco, como foi construído, não tinha o suficiente para competir por um título.

Então surgiram especulações surgiram de tentativas de negociação com LeBron James, do Los Angeles Lakers, Mikal Bridges, do Brooklyn Nets, Paul George, do LA Clippers, e Lauri Markkanen, do Utah Jazz. Os Warriors não sabiam por que valor ou quanto tempo poderiam com Thompson até que tivessem respostas sobre esses outros negócios. Mas sabiam que ele teria uma função diferente após os possíveis reforços.

Se fosse para Thompson ficar, não seria no papel de titular que ocupou por quase uma década. Ele seria visto como um veterano sábio para organizar as coisas do banco, um jogador do tipo de Andre Iguodala, mas não um líder. Isso foi comunicado e, embora ele não tenha ficado entusiasmado com a ideia, não foi um obstáculo. A demora nas negociações, entretanto, foi.

Depois de quase um ano de desespero buscando por um acordo, Thompson decidiu que precisava de uma experiência totalmente nova. Fora da zona de conforto, longe de toda a história e das pessoas que ele sempre conheceu. Duas semanas antes, inclusive, a equipe de Thompson fez uma última oferta aos Warriors, um contrato de dois anos por R$ 111 milhões por temporada. A resposta, entretanto, seguiu a mesma que vinha sendo dada há quase um ano: "Simplesmente não podemos fazer isso ainda”.

Durante cinco anos, Thompson lutou para recuperar sua posição nos Warriors e voltar a ser o jogador que era antes de suas lesões. Mas isso nunca aconteceria, não importava o quanto ele treinasse física ou mentalmente. Porque Golden State já não era o mesmo time, e ele não era o mesmo jogador. Os últimos dois anos foram infelizes justamente porque ambos tentaram evoluir e aceitar suas novas realidades. Em vez de lutar contra a correnteza, por que não investir em algo novo?

Então, finalmente, na última semana antes do início do período de negociações com jogadores sem contrato, Thompson se reuniu com Kerr em Los Angeles e lhe contou tudo. Em seguida, ligou para Green e Curry e disse a eles que queria um recomeço, e pediu que não usassem sua influência na equipe para interferir em suas negociações.

Em seguida, ligou para Lacob e para o gerente geral Mike Dunleavy Jr. e pediu que o ajudassem a chegar a uma nova equipe de sua escolha, por meio de uma troca, se necessário.

Todos entenderam e lhe desejaram boa sorte. Foi uma separação amigável.

Escolhendo a nova casa 5x68b

Thompson adorou assistir à campanha do Dallas Mavericks até as finais deste ano. Ele também ficou encantado com o jovem Oklahoma City Thunder. Além disso, sempre quis jogar pelo Lakers, com o uniforme de seu ídolo de infância, Kobe Bryant.

Entretanto, dentre os três, Dallas era seu favorito. Ele adorava a maneira que os Mavericks jogavam e acreditava que teria um encaixe perfeito ao lado de Luka Doncic e Kyrie Irving. Quando marcou as conversas com o time, chegou ao jantar com a diretoria tendo estudado as gravações da equipe e já projetando como poderia ajudá-los.

O Thunder também estava interessado em Thompson, mas acabou priorizando o grandalhão Isaiah Hartenstein para preencher o restante do orçamento salarial que tinha à disponibilidade.

Mas ainda havia os Lakers, o time de seu pai e de seu ídolo. Também era a casa de LeBron. A equipe acabou se dispondo a oferecer a Thompson mais anos e mais dinheiro do que ele aceitou do Dallas. James estava disposto a reduzir seu salário para englobar o do possível novo colega. Ele teve, inclusive, várias conversas profundas com Klay sobre a ideia de jogarem juntos, disseram as fontes.

Mas, aparentemente, a ideia de jogar nos Lakers era muito parecida com a de jogar nos Warriors. Como disse uma fonte próxima a ele: "Isso seria mesmo sair da zona de conforto?". Tudo o que Thompson havia falado nas duas semanas desde que decidiu e aceitou ir a outra equipe era que queria "novas experiências" e um "recomeço".

Dallas parecia ser o melhor lugar para isso.

Os Mavericks, então, ficaram entusiasmados por conseguir um jogador com a capacidade e a experiência de Thompson em um contrato com preço tão razoável. A equipe teve uma ótima campanha para chegar às finais nesta temporada, mas Dallas sentiu que precisava de mais liderança veterana para melhorar o desempenho e de fato ganhar o título. E Klay, como ele mesmo concordaria, seria o encaixe perfeito para cumprir essa função.


*Tradução e edição: Vinicius Garcia