A Holanda desencantou nesta Eurocopa justamente na hora mais aguda. Nas oitavas de final, contra a Romênia, conseguiu seu resultado mais impactante e o desempenho mais elogiável. O placar de 3 a 0 poderia e deveria ter sido maior devido às inúmeras oportunidades criadas pelo time laranja, que virou vencendo apenas por 1 a 0 e só foi selar a classificação nos minutos finais da partida, o que mostra bem a ineficiência ofensiva da equipe. O melhor do jogo, eleito oficialmente pela Uefa, foi Gakpo, atacante do Liverpool que já tinha aparecido muito bem na fase de grupos da Copa do Mundo do Qatar. Caiu de produção no mata-mata do Mundial, mas nesta Euro ele acendeu exatamente na hora mais decisiva. Foi ele que abriu o placar para a Holanda aos 20 minutos do primeiro tempo (um chute potente de direita que alcançou mais de 120 km/h) e foi ele também que deu uma primorosa assistência para Malen fazer 2 a 0 já aos 38 minutos da segunda etapa. Não há mais dúvida de que Gakpo é o melhor atacante desta geração da Holanda.
O técnico Ronald Koeman apostou em um time com Bergwijn aberto na direita e com Xavi Simons mais centralizado. O ponta do Ajax até deu algum trabalho para a defesa romena, sobretudo quando combinou bem com os avanços de Dumfries. Só que ele seria substituído no segundo tempo por Malen, que desta vez aproveitou muito bem a oportunidade que recebeu. A Romênia pressionou a Holanda apenas nos começos dos dois tempos. Na maior parte do tempo, tratou de se defender e de tentar impedir uma goleada. Schouten fez sua melhor partida na Eurocopa atuando como volante ao lado de Reijnders. Com os desfalques todos que Koeman teve no meio-campo antes da Euro, incluindo Frenkie de Jong (que seria um titular), esta dupla de volantes acabou sendo o melhor a aproveitar nesse setor. Veerman, que decepcionou na fase de grupos, até entrou no segundo tempo na vaga de Schouten, mas isso talvez mais para poupar o titular que estava pendurado com cartão amarelo e poderia perder as quartas. A defesa holandesa esteve firme e comprovadamente fica mais forte com Dumfries, bem atrás e também no ataque. Van Dijk errou uma bola boba, mas liderou o time e quase deixou sua marca mandando de cabeça na trave após escanteio.
Aké, zagueiro-lateral-esquerdo, teve atuação sólida que mostra seu ótimo nível atual, só que de novo na reta final ele foi trocado por Van de Ven.
Weghorst já estava aquecendo quando Malen anotou o primeiro gol dele e o segundo laranja, o tento que matou o jogo. O centroavante ocupou a vaga de Gakpo nos minutos finais quando a situação já estava confortável. Memphis Depay, nada inspirado, deu lugar para Blind, que ganhou alguns minutos nesta Euro e ajudou a segurar o resultado. O terceiro gol holandês veio em um contra-ataque rápido puxado por Malen, que atravessou o campo ofensivo e bateu no canto esquerdo do goleiro Nita. Imagino que Malen voltará a ser titular no lado direito do ataque holandês nas quartas de final. Contra a Romênia, a seleção laranja teve 61% de posse de bola e finalizou 24 vezes contra apenas cinco da adversária. O goleiro Verbruggen precisou apenas fazer uma defesa, e essa nem foi difícil. Inegavelmente, a Holanda deu sorte no chaveamento da Eurocopa, ficando em terceiro lugar e cruzando com a Romênia. No lado direito do chaveamento, ela é a única seleção campeã da Europa depois da eliminação da Itália. Só a Inglaterra sobrou de campeã mundial neste lado da disputa. Evitando Alemanha, Espanha, França e Portugal, há uma chance real de a Holanda chegar à decisão. Lembrando sempre que o único título europeu da Laranja veio em solo alemão. Isso em 1988, quando Van Basten e Gullit davam show.