O Corinthians viu os bastidores do Parque São Jorge esquentarem na tarde de segunda-feira (26) com a chegada de um pedido de impeachment do presidente Augusto Melo protocolado na secretaria do Conselho. Essa é, formalmente, a primeira vez que o mandatário correrá o risco de enfrentar um processo de destituição desde que assumiu o clube, no início de janeiro.
O “Requerimento de Destituição do Presidente da Diretoria” é acompanhado pela de 85 conselheiros do clube e direcionado a Romeu Tuma Júnior, atual presidente do Conselho Deliberativo. O efeito do documento, no entanto, gerou reflexos diferentes nos corredores do clube.
Segundo apurou a ESPN, há otimismo em relação àqueles que compõem o chamado "Movimento Reconstrução SC" para que o processo de impeachment avance. O tema é debatido há mais de um mês, mas tomou força nas últimas semanas entre correntes antes opostas no Parque São Jorge.
É justamente esse o argumento para que o grupo fosse autodenominado apartidário.
Entre aqueles que assinam o requerimento estão, por exemplo, os ex-presidentes Mário Gobbi e Andrés Sanchez, fundadores do grupo “Renovação e Transparência”, e Rubens Gomes, que atuou como coordenador de campanha e depois diretor de futebol na gestão de Augusto Melo – e que se posicionou como oposição aos antigos cartolas na última década.
A lista conta ainda com figuras importantes na política do Parque São Jorge como os vitalícios André Luiz de Oliveira, que concorreu à presidência e acabou derrotado por Augusto Melo na última eleição, Roberto de Andrade, que presidiu o Corinthians entre 2015 e 2018, Jacinto Antonio Ribeiro, o “Jaça”, Jorge Kalil, que concorreu e foi batido por Romeu Tuma na eleição para presidir o Conselho Deliberativo, e Antonio Roque Citadini, vice-presidente entre 2001 e 2004 e que teve o próprio Augusto Melo como candidato a vice em 2018.
Encorpam ainda a lista representantes de outras três chapas, todas apoiadoras da “Renovação e Transparência” na eleição de 2023, fato que reforça o entendimento da atual gestão de que “o requerimento é um movimento político de oposição para causar instabilidade”.
Gerou incômodo também o momento em que o pedido foi enviado ao Conselho Deliberativo.
Pessoas próximas a Augusto Melo não esconderam a irritação por se tratar de uma fase ruim do Corinthians no Campeonato Brasileiro. Na zona de rebaixamento, o time foi derrotado fora de casa pelo Fortaleza no domingo (25), um dia antes de o pedido de impeachment acontecer.
O argumento do "Movimento Reconstrução SC" é de que a escolha aconteceu por se tratar do dia em que já havia sido marcada uma reunião do CORI, Conselho de Orientação do clube, em que alguns dos representantes já estariam no Parque São Jorge.
A ESPN apurou, contudo, que a entrega do requerimento estava previamente agendada para a última segunda-feira (26) há cerca de uma semana.
A guerra de versões entre situação e oposição a ainda pela ausência de um grupo entre aqueles que pediram pela destituição de Augusto Melo: o “Movimento Corinthians Grande”.
Base de apoio importante do presidente alvinegro no início da gestão, a chapa desembarcou em meio às polêmicas envolvendo a quebra de contrato com a VaideBet: Rozallah Santoro, diretor financeiro, Fernando Alba, diretor-adjunto de futebol, e Fabrício Vicentim, diretor-adjunto das categorias de base, deixaram seus cargos.
O “Movimento Corinthians Grande” ainda tem Armando Mendonça como 2º vice-presidente.
Eleito ao lado de Augusto Melo, o advogado tem reiterado que não abrirá mão do cargo por ter sido escolhido nas urnas. A relação com o presidente, no entanto, está estremecida.
Uma das principais vozes contrárias à participação de Alex Cassundé como intermediário no contrato da VaideBet, o dirigente teve seu depoimento à Polícia Civil usado como argumento no pedido de afastamento de Augusto Melo. Em entrevista ao podcast Alambrado Alvinegro em meados de julho, Mendonça chegou a afirmar que um impeachment do presidente “é inevitável”.
A ESPN apurou, contudo, que a tendência é de que o grupo vote favoravelmente à saída de Augusto Melo caso o processo de destituição chegue a esse estágio no Conselho Deliberativo.
Pedido de impeachment vai avançar? 28375v
Após o pedido levado ao Conselho Deliberativo, há o prazo de cinco dias para o requerimento ser encaminhado ao Conselho de Ética do Corinthians.
Segundo apurou a reportagem, existe o entendimento entre conselheiros de oposição de que o documento é “fartamente fundamentado e embasado para que o processo seja referendado” pelo órgão. A versão diverge daqueles que cercam a gestão Augusto Melo, que entendem o pedido como “sem fato novo” em relação àquele que já está em curso no Conselho de Ética.
Augusto Melo teve seu nome levado ao colegiado do no início de agosto e será ouvido como parte de investigação sobre possíveis irregularidades no contrato com a VaideBet e a rescisão do vínculo com a Pixbet, ambas ex-patrocinadoras do Corinthians.
Além do presidente, serão convocados Armando Mendonça (2° vice-presidente), Marcelo Mariano (diretor istrativo), Rubens Gomes (ex-diretor de futebol), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun-Ki Lee (ex-diretor jurídico) e Fernando Perino (ex-diretor adjunto do departamento jurídico).
O grupo será ouvido pela Comissão de Ética do Corinthians por recomendação da Comissão de Justiça do clube.
“Acharam que há indícios que alguém pode ter infringido regra estatutária”, afirmou Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, após reunião no início do mês.
“Recomendaram para mim que fosse para a Comissão de Ética, acolhi o parecer e encaminhei para a Comissão, que agora tem poder legal para instaurar um procedimento istrativo, apurar tudo o que já foi falado e feito”.
“Para afastar um dirigente eleito, você tem que aprovar um procedimento de impeachment. Esse processo precisa ser votado no Conselho, e aí, antes de ele ser julgado pela Assembleia Geral, fica afastado. Enquanto isso não acontecer, ninguém fica afastado”.
Pedido de impeachment independe de inquérito policial 3t4v2e
Ainda segundo apurou a ESPN, a investigação em curso na Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção a Cidadania (DPPC) sobre suposta lavagem de dinheiro em relação à Rede Social Media Design, empresa que atuou como intermediadora no contrato de patrocínio firmado entre Corinthians e VaideBet, não interfere na abertura de um processo de impeachment de Augusto Melo.
Fontes ouvidas pela reportagem indicaram que o requerimento se refere apenas aos atos que teriam infringido o estatuto do clube. “A atuação do Conselho Deliberativo tem que se limitar atos istrativos e não tem poder de polícia para questões externas ao Corinthians”, disse um conselheiro ouvido pela reportagem.
Próximos jogos do Corinthians 4h6y3b
Juventude (F): 29/8, 20h (de Brasília) - Copa do Brasil
Flamengo (C): 1/9, 16h (de Brasília) - Brasileirão
Juventude (C): 11/9, 21h (de Brasília) - Copa do Brasil