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Ele saiu do São Paulo, venceu o desemprego e virou artilheiro do Mundial ao lado de Cristiano Ronaldo 4y674m

Cria das categorias de base do São Paulo, Maurício de Carvalho Antônio é um dos pilares da defesa do Urawa Red Diamonds, do Japão, que venceu a Champions League da Ásia em 2017. Antes disso, porém, o zagueiro precisou superar o desemprego, ar por equipes menores e se aventurar em Portugal até conseguir reconhecimento no futebol.

Após começar no futsal do Clube Atlético Ypiranga, ele chegou ao clube do Morumbi, aos 12 anos.

"Fiquei lá por oito anos e foi um grande aprendizado. Joguei alguns torneios como Copa Nike, que fomos campeões aqui no Brasil e vice na Inglaterra quando perdemos para o Barcelona na final", disse, ao ESPN.com.br.

Ele atuou ao lado de jogadores que se destacaram na carreira como Casemiro (Real Madrid) e Lucas Moura. Ao lado do atacante do Tottenham, aliás, ele aprontou uma travessura no alojamento.

"Ele gostava de fazer piada e zoar com todo mundo. Na Taça São Paulo, a gente combinou de comprar rojão e não podia. Esperamos ficar à noite e soltamos na virada do ano no CT de Cotia", contou.

"Chegaram todos os seguranças e pensaram que era invasão no CT. Chamaram a polícia e deu a maior confusão. Eu e ele dando risada pelo quarto só observando pela janela", relembrou.

Maurício era reserva no grupo que venceu a Copinha de 2010 pelo time tricolor. "Aquilo foi um marco na vida de todos nós. Ajudou a projetar muitos garotos. No São Paulo convivi com grandes jogadores e profissionais. Foi muito importante para minha vida", garantiu.

O zagueiro chegou a ser convocado para seleção brasileira de base e disputou alguns torneios, como o Sul-Americano Sub-17. No último ano de Sub-20, porém, Maurício havia perdido espaço no São Paulo e foi buscar novos ares.

"Eles jogaram aberto comigo e falaram que eu não ia ser aproveitado no profissional de imediato. Eu estava com 20 anos e se fosse para ficar encostado era melhor procurar outro rumo. Foi o que eu fiz", explicou.

"No começo não deu muito certo, mas acho que foi uma decisão acertada. Eu aprendi que existe um mundo além do São Paulo. Não é fácil o futebol fora dos grandes clubes. Me fez amadurecer bastante, ser mais guerreiro e mais aguerrido nos treinos e nos jogos", observou.

Desemprego e recomeço 3f323d

Depois de deixar o São Paulo, Maurício ficou mais de um ano longe dos gramados. Foi tentar a sorte no Pelotas-RS, mas não conseguiu jogar o Gauchão. Depois, ou três meses no Bragantino e acertou com o Penapolense-SP para disputar a Copa Paulista.

"Eu era titular, mas me machuquei e acabei não jogando também. Fiquei seis desempregado treinando separado buscando outras opções. Não aparecia nada nada de bom. Aí, conheci um empresário que me colocou no Juventus da Moóca."

O defensor deslanchou durante o ano e meio em que ficou no time paulista.

"Atuei em quase todos os jogos, era capitão e foi uma agem muito boa para mim. É um clube excepcional para jogar, infelizmente está na Série A2 do Paulista. A torcida é muito bonita e ajuda demais. É um clube que me abriu as portas e me ajudou bastante", agradeceu.

Após recomeçar no "Moleque Travesso", ele despertou interesse do Portimonense, clube português que estava na segunda divisão. Apesar de não conseguir o o naquela temporada, o jogador foi contratado pelo Porto B.

"Fui titular novamente e estávamos no meio do campeonato como líderes da 2ª Divisão. Nisso, surgiu a oportunidade de ir no meio da temporada para o Marítimo, da primeira divisão", explicou.

"Eu já estava já com 24 anos e queria testar minhas qualidades na primeira divisão. Precisava mostrar meu potencial e evoluir. Quis arriscar e agarrar essa oportunidade. Cheguei como titular e joguei bem”, recordou.

No time da Ilha da Madeira, Maurício teve atuações seguras e conseguiu projeção em Portugal.

"O clube tem uma ótima visibilidade e me recebeu muito bem. Joguei a metade do ano e fiz uma grande temporada seguinte. Fiz alguns gols. A gente se classificou para a Liga Europa com a terceira melhor defesa do campeonato, mesmo com um investimento muito abaixo dos outros três grandes de Portugal [Benfica, Sporting e Porto]", recordou.

"Portugal foi a parte mais importante da minha carreira. Me mostrou realmente para o futebol do mundo. O pessoal começou a me conhecer, até mesmo os clubes do Brasil", itiu.

Consagrado no Japão 1k4wy

Valorizado depois da última temporada pelo Marítimo, o brasileiro acertou no segundo semestre de 2017 com o Urawa Red Diamonds-JAP.

"Foi uma proposta muito boa e não dava para recusar. Na época recebi sondagens de muitos clubes grandes do Brasil, de Portugal e de outros países da Europa. Mas as condições que o Japão me propôs não só financeiramente, mas de trabalho, eram muito boas. Fiz a escolha certa e fui muito bem recebido", disse.

“Estou muito feliz aqui e fazendo um grande trabalho. Poderia ter arriscado ficar na Europa e jogar a Liga Europa ou a Champions League por alguma outra equipe, mas decidi ir para o futebol asiático. Aqui está crescendo bastante”, garantiu.

Em pouco tempo na “Terra do Sol Nascente”, o brasileiro faturou a Copa Suruga e a Champions League Asiática de 2017.

O zagueiro de 28 anos jogou no fim de 2017 o Mundial de Clubes, mas sua equipe foi eliminada pelo Al Jazira nas quartas de final. Na decisão do quinto lugar contra o Wydad Athletic Club, do Marrocos, o brasileiro fez dois gols na vitória por 3 a 2. Com isso, foi artilheiro da competição ao lado de Cristiano Ronaldo e Romarinho.

"Espero ficar aqui muitos anos e ter muitas histórias para contar. Até agora foi o melhor momento que ei. Foi um marco na minha vida", finalizou.

*Reportagem original publicada em 18 de julho de 2018.