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Como o Tottenham conseguiu segurar Eriksen e Alderweireld por tanto tempo 84649

Não seria loucura dizer que este tem sido um verão estranho no mercado de transferências da Europa. A saga Gareth Bale-Real Madrid avançou de maneira que se tornou desagradável para os dois lados. O divórcio entre Neymar e PSG segue se desdobrando, mas sem previsão de um capítulo final. O Barcelona finalmente confirmou a contratação de Antoine Griezmann por cerca de R$ 500 milhões, mas tudo por ir por água abaixo.

E temos o Tottenham. São dois os elementos principais sobre os negócios dos Spurs neste verão. Em primeiro lugar, eles finalmente contrataram alguém. O clube de Londres abriu os cofres para comprar não apenas Tanguy Ndombele do Lyon, mas também o promissor Jack Clarke, ex-Leeds. Em segundo lugar - e mais importante -. até agora, eles conseguiram manter dois jogadores muito importantes.

Um deles é Toby Alderweireld. Ele ficar no Tottenham por tanto tempo é como um milagre. No ano ado, um membro da alta hierarquia dos Lilywhites disse à ESPN que era "inevitável" que o belga fosse embora e, neste verão, essa possibilidade ficou ainda mais fácil com a multa sendo sendo cerca de apenas R$ 117 milhões.

Com o mercado inflacionado do jeito que está, é surpreendente nenhum time ter desembolsado essa quantia pelo bom zagueiro. Mas, aos 30 anos, não há garantia de que ele continuará mantendo o nível por mais de uma temporada, e talvez por isso os clubes tenham hesitado. Por exemplo, o Manchester United estaria disposto, segundo fontes, a gastar três vezes o valor de Alderweireld com Harry Maguire, do Leicester, de 26 anos.

O outro é Christian Eriksen, e ele é um caso um pouco diferente. No começo do verão, o dinamarquês deu uma declaração um pouco discreta, mas ainda assim direta, de que era hora de seguir em frente.

"Sinto que estou em uma fase da minha carreira em que gostaria de experimentar algo novo", disse o jogador ao jornal Ekstra Bladet, da Dinamarca.

"Tenho o mais profundo respeito por tudo o que está acontecendo no Tottenham e não estou dizendo que não quero ficar. Mas eu gostaria de tentar algo novo. Espero que algo seja decidido neste verão. Esse é o plano", completou.

Isso deveria ter sido a bandeira de largada para a corrida por sua contratação. Afinal, é um dos melhores jogadores do mundo, um meia genial que está no auge da sua carreira - ao 27 anos - e está se declarando disponível.

Mas não houve nada. Ou pelo menos nada que mereça ser levado a sério. E podemos listar diversas razões para isso: como o próprio Eriksen disse, na verdade não existem muitos clubes que representem um avanço em relação ao Tottenham atualmente, então é possível que esse seleto grupo tenha outras prioridades.

Pode ser, também, que os times estejam esperando seu contrato expirar no fim da próxima temporada. Pode até ser que os seus (poucos) maus momentos na última temporada tenham tirado o interessa das equipes. Em outras palavras, é possível que os chefões dos melhores times do mundo simplesmente não achem que Eriksen é esse jogador todo.

Mas poderia haver outro motivo. O Tottenham tem uma coleção de ótimos valores individuais, mas seu sucesso sob o comando de Mauricio Pochettino tem excedido talento e salário. O próprio fato de que eles chegaram à final da Champions League em uma temporada em que não contrataram ninguém, efetivamente retrocedendo enquanto o resto do mundo do futebol tentava progredir, escancara tudo isso.

Isso é muito mais uma equipe. Estamos falando de uma unidade coletiva que flui perfeitamente. Um conjunto de peças de quebra-cabeças que Pochettino habilmente adaptou para formar algo especial. Ainda dúvida? Vá ver como o Tottenham se virou com a ausência de Harry Kane - provavelmente o seu melhor jogador.

Esse é um processo que evoluiu ao longo das cinco temporadas em que o treinador argentino esteve no comando. Os jogadores são mais como um órgão de um corpo humano do que um organismo individual. Cada um faz a sua parte para que o ser respire. Esse ser é o Tottenham. Eriksen é uma parte fundamental disso e tem sido assim desde o início: ele foi titular no primeiro jogo de Pochettino em 2014 e perdeu apenas 10 dos 189 jogos seguintes de Premier League desde então.

Talvez seja esse o motivo da falta de equipes na fila para comprá-lo. No mundo real, os transplantes de órgãos são notoriamente arriscados: eles muitas vezes são "rejeitados" pelo novo organismo, o que não é muito surpreendente, já que eles só pretendiam trabalhar no antigo. Se você pensa no dinamarquês como o rim dos Spurs, ou até mesmo como o coração, dá para entender o receio de outros clubes. O meio-campista seria um jogador diferente em um time diferente e sob um comando diferente?

Heung-Min Son também se encaixa nessa teoria. Por qualquer padrão objetivo, ele é um craque: um atacante que se destaca em três ou quatro posições diferentes, um goleador e um jogador de equipe, um finalizador e um criador. Sua situação é um pouco diferente, porque ele nunca demonstrou qualquer sinal de que queira sair.

É possível que, na última quinzena da janela, alguém pegue Eriksen. Mas, no momento, onde deveríamos estar ouvindo lances e mais lances, dinheiro sendo amontoado sobre a mesa, tudo está bem quieto.