Aos 18 anos, Helinho vive provavelmente a semana mais importante desde que se profissionalizou pelo São Paulo. O garoto estreou no último domingo, no Morumbi, e fez um golaço diante do Flamengo. A entrada dele em campo agradou muitos torcedores que vinham pedindo para vê-lo atuar e sentiram que o jovem confirmou as expectativas.
Pois esse garoto, que vive sua primeira semana de fama, começou a jogar bola com apenas seis anos em um bairro bem humilde de Sertãozinho. Foi na Cohab 3, onde ele nasceu e se desenvolveu até chegar ao São Paulo.
Naquele início de vida esportiva, Helinho tinha algo diferente para mostrar e impressionou o professor Helio Moreira, 64, conhecido como Helião, descobridor e primeiro técnico da revelação são-paulina.
"Ele era muito pequeno, muito novinho, devia ter no máximo seis anos quando o conheci. Queria participar do projeto de futebol da secretária de esportes da cidade, cuja coordenação era minha", disse Helião à ESPN.
"Nós fazíamos diversas atividades esportivas e um dos trabalhos mais importantes era o de recreação para tirar os meninos da rua. Os que conseguiam se destacar a gente acabava direcionando para fazer um trabalho diferenciado, buscando aprimoramento. E o Helinho apareceu para nós. Mostrou-se bom de bola e deu no que deu", explicou.
Dos seis aos sete anos, Helinho jogou futebol de salão no complexo Esportivo João Mauro Miessa, que fica na avenida principal da Cohab 3. Há apenas uma quadra pequena, sem arquibancadas.
Depois dessa fase, Helinho ou a treinar em campo. O local também tinha estrutura modesta, mas foi o suficiente para Helião ver o garoto provar que tinha mesmo algo diferente.
"Ele tem o estilo dos bons meias do ado, de saber dar es para gol. Ele tem um estilo que lembra o Ganso no período áureo. Ele nunca fui jogador de área. Não é de fazer gols, apesar do belo gol contra o Flamengo. Mas ele sabe conquistar o espaço, trazer a bola, fazer o e com perfeição e tem muita categoria para jogar", disse Helião.
"Não me lembro de ele falar quem irava ou idolatrada. Acredito que ele não era de falar muito em ídolos, mas ele gostava muito de dar pedaladas inspirada no Robinho. Imitava o jeito e batia para o gol".
Helião não é o tipo de técnico que gosta de se autopromover. Pelo contrário, dá a Helinho todo o crédito pelo que o jovem são-paulino vem colhendo na carreira. Nem mesmo gosta de citar conselhos que deu ou dicas que ou.
"Eu conversa com ele sobre muitas coisas, mas nada específico. Ele tem um talento natural. Era abusado com a bola. Sabia ficar à vontade em campo. Também era muito atencioso. Fazia tudo que pedíamos com dedicação. Tinha facilidade para aprender. E gostava muito de desafios, não tinha dificuldades e tornava as coisas fáceis", disse.
"O que eu lembro é que ele fazia gols e corria para me abraçar", disse. "Sempre que ele está em Sertãozinho vem me dar um abraço. Inclusive me deu uma camisa da seleção sub-17, que foi campeã mundial".
Helinho ficou em Sertãozinho até completar 14 anos, foi quando ou a treinar definitivamente no centro de treinamento de Cotia com a base do São Paulo.
Helião participou do desenvolvimento do jovem, mas o responsável por fazer com que Helinho chegasse ao clube tricolor foi Agnello Souza, que tem um projeto chamado "Camisa 10" na cidade do interior.
Helinho conheceu Souza quando já estava com quase 11 anos. Até então disputava campeonatos pelo time de Helião e vinha empilhando taças. Com o "Camisa 10", a visibilidade extrapolou os limites da cidade.
Pelos contatos adquiridos durante uma carreira como jogador profissional, Souza fez contato com dirigentes do clube do Morumbi, apresentando o jovem talento. O interesse foi imediato. Há também gratidão do jovem com Souza.
Agora os próximos os de Helinho são confirmar a expectativa que há em torno dele e com uma boa dose de paciência. O técnico Diego Aguirre elogiou a estreia do menino, mas já alertou que a participação dele será bem dosada, sem queimar etapas. Ou seja, dificilmente ele enfrentará o Corinthians, no próximo sábado.
De qualquer forma, a torcida espera um dia usufruir do que Sertãozinho já viu do garoto Helinho nos campos.