Cria das categorias de base do Flamengo, Nixon está emprestado ao Kalmar FF, da Suécia, desde janeiro deste ano. Campeão no profissional da Copa do Brasil e do Carioca, o atacante vive sua primeira aventura fora do Brasil.
"Quase acertei com um time do Brasil, mas um dos meus empresários falou que eu poderia vir para a Suécia. Não conhecia tanto do país, mas me aram tudo sobre a cidade, o campeonato, o clube e o país. Acertei minha vinda para cá e foi aquela alegria. Meu irmão veio comigo e também está jogando em um clube na cidade”, disse, ao ESPN.com.br.
Um dos maiores adversários que o jogador de 25 anos precisou enfrentar foi o inverno sueco. Por causa das baixas temperaturas, o futebol local começa suas atividades em fevereiro.
"Agora está fazendo um pouco de calor e já peguei um tempo legal. Fez 18 graus um dia desses", garantiu.
Além do idioma e da cultura serem diferentes da que estava acostumado, Nixon precisou descobrir outro futebol.
“Eu cheguei aqui e consegui pegar o ritmo de treinos e jogos. É tudo muito diferente, mas consegui me adaptar rapidamente. Estou ganhando a confiança aqui de todos. Espero fazer uma boa temporada. É uma grande porta que tem muita visibilidade. Eu espero contribuir bem para que haja outras portas maiores”, projetou.
REVELADO NO FLAMENGO
Natural de Juazeiro (BA), Nixon começou no futebol aos cinco anos em uma escolinha antes de chegar às categorias de base do Porto de Caruaru. Após tentar a sorte em clubes como Vitória, Bahia e Atlético-PR, ele foi para o Flamengo, no qual permaneceu até a chegar aos profissionais.
O atacante foi promovido ao time de cima pelo Dorival Jr, que o colocou pela primeira vez nos últimos 20 minutos na derrota por 1 a 0 para a Ponte Preta.
“Eu comecei bem e depois dei uma caída. É normal ter essa instabilidade. Depois, voltei a treinar bem e o Dorival escalou Adryan, Matheus e eu, todos vindos da base, como titulares no último jogo do Brasileiro”, afirmou.
O primeiro gol saiu na sétima partida no profissional, no empate por 2 a 2 contra o Botafogo, em duelo válido pela última rodada do Brasileiro. “Eu fiz meu primeiro gol meio bicicleta (risos). Depois daquilo começou um crescimento na carreira”, contou.
No ano seguinte, ele começou bem o Carioca, mas por causa de uma lesão perdeu espaço na equipe que conquistou a Copa do Brasil.
“Teve até um jogo contra o ASA [válido pela terceira fase da competição] que eu entrei, fiz um gol e dei uma assistência. Foi importante naquele momento para ganharmos o jogo por 2 a 0”, recordou.
CHEGADA DE LUXA MUDOU SUA CARREIRA
Em 2014, Nixon quase deixou a Gávea por não ter tantas chances na equipe rubro-negra.
“Meu contrato ia vencer no final de 2014 e no meio do ano eu estava quase vendido. Só alguns diretores sabiam. Já tinha assinado os papéis, mas algo deu errado e não saí. Foi quando o Luxemburgo chegou e tudo mudou”, relatou.
Após oscilar, ele ou a ser titular e marcou cinco gols nas últimas sete partidas da temporada. “Comecei a jogar e depois renovei meu contrato por mais quatro anos. Nisso, melhoraram muitas coisas para mim”, explicou.
O jovem gostava da forma como treinador protegia o elenco rubro-negro.
“O Luxa é um cara fantástico. Cada um tem o seu jeito, mas quem convive com ele aprende muito. Tenho uma gratidão enorme por ele. Dentro do grupo no vestiário ele dava broncas, cobrava mesmo. Mas falava: ‘Lá fora deixa que eu falo e recebo as pancadas’. Ele não expunha ninguém para fora”, relatou.
“Era um dia a dia de muitos aprendizados e resenhas porque ele é engraçado demais na hora certa. É uma pessoa sincera e intensa. Ficava irado porque estuda muito futebol”, garantiu.
“A gente está treinando e ele observa coisas que a gente acha que ele não está vendo. Ele sempre está ligado. Isso contribuiu muito para o meu crescimento”, afirmou.
Uma das maiores lições que Nixon aprendeu com Vanderlei Luxemburgo não foi dentro dos gramados. Antes de uma partida contra Sport fora de casa, o treinador mexeu com o lado emocional dos seus atletas.
“A gente achou estranho porque na sala não tinha nada de preleção. De repente, ele começou a falar sobre a vida dele. Deu um testemunho de como se tornou técnico, em quem ele se inspirou e os conselhos que tinha para dar. Aquele dia foi uma lição de vida”, recordou.
No começo da temporada seguinte, Nixon ou por momentos difíceis por causa de uma lesão no joelho.
"Não aguentava mais jogar por causa de dores e ei pela primeira cirurgia. No primeiro treino depois da volta, me lesionei de novo e precisei parar por mais oito meses. Fiquei quase um ano e meio sem jogar”, lamentou.
Sem espaço após se recuperar, o atacante foi emprestado pelo Flamengo ao América-MG, Red Bull Brasil e ABC-RN. Em janeiro deste ano, ele foi cedido ao Kalmar FF, da Suécia.
“ei por um ano de 2017 muito difícil porque além de tudo, minha avó, que era como uma mãe para mim, havia falecido. Foi uma benção na minha vida vir para cá”, finalizou.