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Máfia do Apito, manipulações na Itália e até apostas na NBA: relembre outros escândalos do esporte 4m4t2m

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Zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, recebe broncas e ameaças de apostadores; veja os prints (2:15)

Crédito: Victoria Leite, setorista do Santos pelo GE | Bauermann recebeu ameaças por não cumprir o combinado de levar um cartão amarelo no empate entre Santos e Avaí pelo Brasileirão de 2022 (2:15)

Desde fevereiro de 2023, a Operação Penalidade Máxima 2 investiga suspeitas de manipulação em partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro e também competições estaduais realizadas em 2022. Em decorrência das investigações, alguns jogadores já foram colocados como réus e outros citados no processo.

Entre os atletas investigados, muitos atuam ou tiveram agem por clubes da Série A. Como é o caso do zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, que foi denunciado no processo e, inclusive, afastado pelo Alvinegro Praiano. Outros seis jogadores se tornaram réus após a investigação.

O caso, por sua vez, não é o primeiro escândalo no Brasil - e mundo afora - a envolver o esporte. Ao longo da história, o futebol, assim como outras modalidades, incluindo o basquete e até mesmo o futebol americano, também registraram situações parecidas.

Abaixo, o ESPN.com.br relembra alguns dos principais casos, que vão desde o futebol à NFL. No esporte bretão, clubes de camisa pesada na Europa como Juventus e Porto, se envolveram em escândalos. Os italianos, por exemplo, acabaram rebaixados à Série B. Assim como jogadores, inclusive de seleção, que acabaram punidos.

Máfia da Loteria Esportiva (Brasil) 3l6541

Em 1982, há mais de 40 anos, uma reportagem da revista Placar denunciou e destrinchou a chamada Máfia da Loteria Esportiva no futebol. Foi revelado o envolvimento de 125 acusados, incluindo árbitros, jogadores - entre eles o campeão mundial pela seleção brasileira Amarildo - e cartolas.

O esquema fraudava resultados em benefício de um grupo de apostadores na loteria esportiva, que a época era o principal jogo de azar. O inquérito foi concluído apenas em 1985 pela Polícia Federal e, dos 125 acusados, somente 20 foram indiciados, devido à dificuldade de se encontrar provas, apesar das evidências.

Máfia do Apito (Brasil) 171559

Em 2005, uma reportagem da revista Veja denunciou um esquema de manipulação de resultados no futebol. Com a repercussão, o caso foi investigado por agentes do Combate ao Crime Organizado e do Departamento de Polícia Federal.

Segundo as investigações, um grupo de investidores negociou com o árbitro Edílson Pereira de Carvalho, à época do quadro da Fifa, a garantia de resultados em sites de apostas. Além de preso, o árbitro ainda teve 11 jogos apitados por ele anulados.

O empresário Nagib Fayad também foi preso. Ainda descobriu-se o envolvimento de um segundo árbitro, Paulo José Danelon, que foi preso e denunciado pelo Ministério Público por estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica, assim como Edílson Pereira de Carvalho.

Naquele ano, o Corinthians foi o campeão do Brasileirão, com 3 pontos de vantagem sobre o Internacional, que foi o vice. Jogos anulados que foram disputados novamente causaram reclamações pelo lado gaúcho, já que os paulistas, que haviam perdido para Santos e São Paulo, conseguiu conquistar quatro pontos nas partidas remarcadas e ficou com o título.

Totonero (Itália) 5c4d3p

Campeão da Copa do Mundo de 1982 com a seleção italiana, o ex-centroavante Paolo Rossi foi suspenso por dois anos do futebol nos anos 1980. Ele foi um dos 20 atletas que receberam punições esportivas na Itália por conta do esquema que ficou conhecido no país como Totonero.

Alguns anos antes, surgiu no país europeu uma espécie de mercado paralelo da loteria esportiva oficial italiana, onde os apostadores podiam apostar em menos partidas. O escândalo estourou em um restaurante de Roma, onde estava localizada uma dessas vendas ilegais. Isso porque notou-se que os clientes estavam acertando muitos resultados e ganhando muito dinheiro.

Apesar de ter sido condenado a um ano de prisão, Rossi não foi para a cadeia. Por sua vez, foi suspenso do futebol por três anos e, por muito pouco, não perdeu o Mundial da Espanha, já que a sua pena acabou sendo reduzida, com o atacante disputando a competição e sendo eleito melhor jogador e terminando como artilheiro. Na segunda fase, anotou os três gols da vitória por 3 a 2 que causou a eliminação traumática para o Brasil de Telê Santana.

O Totonero ainda terminou com os rebaixamentos de Milan e Lazio, com outros cinco clubes perdendo pontuação para a edição seguinte do Campeonato Italiano.

Calciopoli (Itália) 4h2b2t

Em 2006, um escândalo na elite do futebol italiano foi deflagrado. Houve uma denúncia por escalação de árbitros comprados para apitar jogos de clubes do Campeonato Italiano como Juventus, Milan, Fiorentina, Lazio, Reggina e Siena. Também estavam envolvidos dirigentes, inclusive da Federação Italiana.

Em primeira instância, Juventus, Fiorentina e Lazio foram punidas com o rebaixamento à segunda divisão. Após os clubes apelarem, a pena foi diminuída para os dois últimos, e somente a Juve de fato caiu para a Série B italiana.

A Velha Senhora, por sua vez, viu alguns dos seus principais jogadores, incluindo o atacante Zlatan Ibrahimovic e o zagueiro Fabio Cannavaro deixarem o clube na temporada seguinte.

O Milan, por sua vez, havia perdido 30 pontos para o campeonato seguinte e impedido de disputar a Champions League, mas acabou perdendo apenas 8 pontos e disputou a Liga dos Campeões. Reggina e Siena, por sua vez, perderam 11 e 1 ponto, respectivamente.

Apito Dourado (Portugal) 4u1m4p

Em 2004, o futebol português também teve um escândalo de corrupção na primeira divisão. Dirigentes de Porto, Boavista e União de Leiria foram incriminados após as investigações.

Dois anos mais tarde, em 2006, a ex-mulher do presidente do Porto, Pinto da Costa, Carolina Salgado, lançou um livro onde fez algumas acusações sobre o mandatário dos Dragões, incluindo tráfico de influências e coação sobre equipes de arbitragem em benefício do clube.

Em 2008, o Comitê Disciplinar da Liga Portuguesa abriu um processo paralelo - e não criminal - chamado Apito Final, condenou Pinto da Costa a uma suspensão de dois anos, e o Porto perdeu 6 pontos no Campeonato Português e multado em 150 mil euros por tentativa de suborno.

As punições, entretanto, foram anuladas pelo Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, que aceitou o recurso do Porto. O Boavista, por sua vez, foi condenado ao rebaixamento por suborno e coação de árbitros e ainda multado em 180 mil euros. Já o Leiria foi punido com a perda de 3 pontos e o seu presidente, João Bartolomeu, suspenso por um ano.

Em 2014, Pinto da Costa foi absolvido do caso.

Kieran Trippier (Inglaterra) 30n3e

Lateral-direito da Inglaterra na última Copa do Mundo, Kieran Trippier, que atualmente é jogador do Newcastle, foi suspenso pela Federação Inglesa de Futebol (FA) em 2020 por quebrar regras relacionadas a apostas.

Em 2018, o defensor, hoje com 32 anos, apostou indiretamente na própria transferência do Tottenham para o Atlético de Madrid, que de fato aconteceu. A aposta configurou violação de regras de apostas.

Trippier recebeu uma suspensão de 10 semanas da FA e também foi condenado a pagar uma multa de 70 mil libras (R$ 490 mil na cotação da época).

Escândalo de apostas da NBA (Estados Unidos) 2ar21

Em 2007, a NBA, principal liga de basquete do mundo, teve um escândalo que ganhou uma grande repercussão. Relatórios de uma investigação FBI foram divulgados, alegando que durante as temporadas de 2005/06 e 2006/07, o árbitro Tim Donaghy apostou em jogos em que ele apitou.

No mesmo ano, Donaghy se declarou culpado de duas acusações e, no ano seguinte, foi condenado a 15 meses de prisão e três anos de liberdade supervisionada.

O árbitro itiu ter fornecido dicas a outras pessoas sobre a condição física dos atletas e itiu ter ado informações sobre dois jogos da temporada 2006/07. Donaghy recebeu US$ 30.000 para ar informações privilegiadas aos agenciadores, mas acabou sendo liberado após pagar uma fiança de US$ 250.000.

Escândalos na NFL (Estados Unidos) 4734s

A principal liga de futebol americano do mundo já teve diversos casos de jogadores suspensos por conta de apostas esportivas. A NFL proíbe que qualquer jogador ou membro da liga faça apostas em jogos da mesma.

Porém, nos últimos anos, incluindo 2023, foram alguns os casos de jogadores ou membros de franquias suspensos por este motivo. Recentemente, a NFL suspendeu Quintez Cephus e C.J. Moore, do Detroit Lions, e Shaka Toney, do Washington Commanders, indefinidamente por apostarem em jogos na temporada de 2022.

Casos envolvendo apostas, porém, acontecem desde os anos 1960, com Alex Karras, do Detroit Lions, que foi suspenso por um ano em 1963, no mesmo ano que Paul Hornung, do Green Bay Packers, recebeu punição igual.

No ano ado, Calvin Ridley, do Atlanta Falcons, foi suspenso por tempo indeterminado pela NFL por apostar em jogos durante um período de cinco dias, entre 23 a 28 de novembro.

Escândalo na MLB (Estados Unidos) 4hl25

No beisebol, existe um caso que ficou no final dos anos 1989, envolvendo Pete Rose, ex-jogador e ex-técnico do Cincinnati Reds. No seu último ano como treinador da franquia, foi banido do esporte após ser acusado de apostar em jogos enquanto jogava e dirigia os Reds, apostando na própria equipe.

Somente em 2004, Rose itiu as apostas. Em um relatório, foram documentadas supostas apostas em 52 jogos do Reds em 1987, citando que Rose apostou um mínimo de US$ 10.000 por dia.

Pete Rose é o líder de rebatidas na história da MLB, com 4256. Porém, por conta desse seu envolvimento ele nunca chegou a ser introduzido no Hall da Fama da MLB.

Manipulação de resultados no tênis 2k4j51

O tênis também já teve alguns escândalos de manipulação de resultados. Em 2011, o austríaco Daniel Köllerer foi o primeiro tenista a ser banido do esporte por este motivo. Outros tenistas também banidos foram o argentino Nicolás Kicker e o egípcio Karim Hossam, ambos em 2018, assim como o brasileiro Diego Matos, no ano seguinte.

Antes, em 2007, o francês Arnaud Clément já havia escancarado o esquema de manipulação de resultados na modalidade, depois de revelar ter recebido uma oferta de suborno para uma partida de tênis, que foi recusada por ele. No ano seguinte, foi fundada a Tennis Integrity Unit, que funcionou até 2020 e investigou esses casos.

Treinador suspenso no UFC (MMA) h1w2i

No mundo das artes marciais mistas, a luta entre Shayilan Nuerdanbieke e Darrick Minner, realizada em novembro de 2022 pelo UFC Vegas 64, levantou suspeitas para um caso de manipulação no esporte.

Então técnico de Minner, o ex-lutador James Krause teria trabalhado como intermediário entre as casas de apostas esportivas e apostadores desde 2019. E tudo começou após a derrota de seu pupilo ainda no primeiro round para Nuerdanbieke, após sentir uma lesão no joelho.

Por conta da acusação, Krause foi suspenso pelo UFC por tempo indeterminado antes do UFC Vegas 65. Há indícios de que o treinador teria trabalhado como agente no site de apostas ABCBetting.ag. As acusações ainda relatam o fornecimento de uma linha de crédito, além de informações de cadastro. O ex-lutador se diz inocente.

Confira abaixo tudo da Operação Penalidade Máxina II 5f1a5s

Veja abaixo quais são os jogos que estão sob investigação na Série A 3c5k2k

Quais jogadores estão sendo investigados? 4i3s2e

  • Eduardo Bauermann (Santos)

  • Gabriel Tota (Ypiranga-RS)

  • Victor Ramos (Chapecoense)

  • Igor Cariús (Sport)

  • Paulo Miranda (Náutico)

  • Fernando Neto (São Bernardo)

  • Matheus Gomes (Sergipe)

Quais jogadores também foram citados no processo? 6rq34

  • Vitor Mendes (Fluminense)

  • Richard (Cruzeiro)

  • Nino Paraíba (América-MG)

  • Dadá Belmonte (América-MG)

  • Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino)

  • Moraes Jr. (Juventude)

  • Nikolas Farias (Novo Hamburgo)

  • Jarro Pedroso (Inter de Santa Maria)

  • Nathan (Grêmio)

  • Pedrinho (Athletico-PR)

  • Bryan García (Athletico-PR)

Apostadores e membros da organização 434c1m

  • Bruno Lopez de Moura

  • Ícaro Fernando Calixto dos Santos

  • Luís Felipe Rodrigues de Castro

  • Victor Yamasaki Fernandes

  • Zildo Peixoto Neto

  • Thiago Chambó Andrade

  • Romário Hugo dos Santos

  • William de Oliveira Souza

  • Pedro Gama dos Santos Júnior

O que a "Operação Penalidade Máxima" investiga 62454p

A investigação da "Operação Penalidade Máxima" aponta que grupos criminosos convenciam jogadores, com propostas que iam até R$ 100 mil, a cometerem lances específicos em partidas e causassem o lucro de apostadores em sites do ramo.

Um jogador cooptado, por exemplo, teria a "função" de cometer um pênalti, receber um cartão ou até mesmo colaborar para a construção do resultado da partida - normalmente uma derrota de sua equipe.

As primeiras denúncias ouvidas pela operação surgiram no fim de 2022, quando o volante Romário, então jogador do Vila Nova (GO), aceitou R$ 150 mil para cometer um pênalti contra o Sport, em partida válida pela Série B do Brasileiro.

Na ocasião, o atleta embolsou R$ 10 mil imediatamente e só ganharia o restante caso o plano funcionasse. Romário, porém, sequer foi relacionado para a partida, o que estragou a ideia.

A história chegou até Hugo Jorge Bravo, presidente do time goiano e também policial militar, que buscou provas e as entregou ao Ministério Público do estado. A partir daí, criou-se a operação "Penalidade Máxima" para investigar provas e suspeitas sobre o assunto.

Na primeira denúncia, havia a suspeita de manipulação em três jogos da Série B, mas os últimos acontecimentos levaram os investigadores a crer que o problema era de âmbito nacional e havia acontecido em campeonatos estaduais e também na primeira divisão do Brasileiro.

Além de Romário, outros sete jogadores foram denunciados pelo Ministério Público por participarem do esquema de fabricação de resultados: Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano), Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).

Algum jogador de futebol foi preso? 2cz6a

Nenhum jogador preso, só pessoas envolvidas nos pedidos de manipulação. Foram três mandados de prisão em São Paulo, mas só para não atletas.

Foram apreendidas granadas de efeito moral em um mandado de prisão em São Paulo a armas de fogo em outro endereço, também em terras paulistas. Nesse local, houve também um flagrante de armas de fogo sem o devido registro.

Os atletas ou aliciadores podem ser indiciados via Estatuto do Torcedor e também podem responder por crime por lavagem de dinheiro, se for o caso. Segundo o Estatuto do Torcedor, a pena varia de 2 a 6 anos de prisão.

O que os jogadores faziam para manipular as partidas? 3rp8

Os atletas e envolvidos suspeitos estão sendo investigados por manipulação da seguinte forma: receber cartões amarelo ou vermelho, cometer um pênalti, garantir uma derrota parcial no 1º tempo, número de escanteios, etc.