A quinta-feira acabou com a seleção brasileira de vôlei feminino completamente abatida depois de uma derrota sofrida por 3 sets a 2 nas semifinais da Olimpíadas. O sentimento de tristeza era tão grande que as jogadoras não escondiam que pensavam que a conquista do bronze, se viesse, “seria pouca” para aquele time. 5m441u Dois dias depois, porém, o Brasil entrou em quadra sem nenhum sentimento ruim. Bateu sem grandes dificuldades a Turquia por 3 sets a 1 e garantiu o terceiro lugar. E as mesmas jogadoras deixaram a quadra dizendo que o “bronze valia ouro”. Mas, afinal, o que aconteceu para essa virada de chave? O trabalho começou ainda ali no vestiário. Quando falava com os jornalistas, o técnico Zé Roberto descobriu que Thaísa e Gabi disseram que o bronze seria pouco. Ele rapidamente entendeu o que elas estavam querendo dizer. Mas já começou ali com a imprensa o trabalho de mudar completamente essa percepção. Pouco depois teve esse primeira conversa com as jogadoras. “Foi difícil para nós. A gente bateu muito nessa tecla de que nosso grande objetivo era a conquista da medalha de ouro e tínhamos time para isso. Então foi uma frustração muito grande. Mas assim que a gente entrou no vestiário, o Zé já puxou a gente e nos trouxe muita lucidez da importância de voltarmos com essa medalha de bronze para casa. Então eu senti que a gente já saiu do vestiário entendendo que em algum momento teríamos um pouco mais de tempo para viver esse luto por não termos conquistado a vaga na final, mas que era um momento da gente realmente honrar tudo que a gente tinha feito, não só nesse último ano, mas nesse ciclo. E de voltar com a medalha, não só por nós, mas pelo nosso povo, pelo Brasil, pelos nossos amigos, nossos familiares”, disse Gabi. O trabalho continuou no treino no dia seguinte, que contou com a presença de Radamés Lattari, presidente da Confederação Brasileira de Vôlei. A conversa dele foi citada por mais de uma jogadora como importante para recuperar o ânimo. E ele mesmo conta o disse a elas. “Eu quis mostrar para elas que nós temos sempre um objetivo que é a medalha de ouro, e quando não conseguimos, a gente baixa a guarda. Quis mostrar que, sendo uma pessoa com mais experiência de vida, o quanto aquela medalha era importante para cada uma. Citei vários exemplos de como aquilo poderia mudar a vida delas, demonstrar reconhecimento maior ao trabalho que elas fizeram. Acho que, pela reação ao final da minha fala, atingi o objetivo e elas demonstraram dentro de quadra todo o voleibol que poderia ter resultado em medalha de ouro”, disse Radamés. “Pedi a elas: domingo é dia dos pais, vamos dar esse presente. Se tiver alguém que não goste do pai, eu e Zé Roberto estamos adotando, dá o presente para gente”, completou. As próprias jogadoras também se uniram e conversaram entre si. E o sentimento geral foi de buscar o bronze a qualquer custo. “Não foi fácil, não foi fácil dormir, não foi fácil acordar, encarar o dia seguinte. Mas foi a hora que a gente olhou uma no olho da outra, sentou para estudar a Turquia e falou que essa medalha não sairia da nossa mão”, disse Roberta. “Doeu muito aquela derrota. Esse bronze vale muito, mas dói para caramba. Só que a gente conseguiu dar a volta por cima, juntas, a gente conversou muito. Foi uma tônica muito forte dessa equipe durante esse ciclo de se fechar, de se unir. E a gente conseguiu dar a volta por cima mesmo com toda essa dor. Esse grupo está de parabéns demais, esse bronze realmente valeu o ouro”, finaliza Thaísa.
|