O futebol ainda segue. Nos campos sem muita grama e irregulares da Nicarágua, o coronavírus parece estar em segundo plano. Por mais que os estádios estejam vazios, sem torcida, a bola rola, entre buracos no campo e terra. E é ali que Pablo Gallego faz seus gols. Muitos gols. 524k6f O artilheiro do Campeonato Nicaraguense de 2020, com cinco gols em 11 jogos, nasceu em Huesca, na Espanha. ou pela categoria de base do Real Zaragoza, onde se formou, e até enfrentou um brasileiro por lá, além de jogos contra o Barcelona e o Real Madrid. “Joguei contra o Rafinha. Craque da minha geração. Na época, éramos iguais, agora está em outra dimensão… Ainda enfrentei Jesé, Morata, Icardi, Deulofeu, entre outros”, comenta Gallego em entrevista ao ESPN.com.br. Aos 26 anos, não é a primeira agem do atacante por Nicarágua. Em 2018, atuou pelo Real Esteli, onde se destacou e foi vendido ao Kastrioti, da Albânia e logo depois ao Teruel, da Espanha. Antes disso, havia ado por clubes pequenos da liga espanhola e pelo AEL, da Grécia. Hoje no Manágua, Gallego está feliz. “É muito lindo jogar aqui. Um país que está crescendo muito no futebol e é um lugar bonito para viver. As pessoas são humildes e amáveis, nos piores momentos sempre têm palavras de alento, que inspiram uma energia positiva. Mudo a forma de ver as coisas quando estou aqui”, explica o atacante. “Quero seguir na Nicarágua. Recebi propostas do Equador, Bolívia e El Salvador, mas quero ficar aqui”, adiciona. Com o Manágua, Gallego foi eleito o melhor jogador do último torneio Apertura e da Copa do país, em que o clube foi campeão. Perguntado sobre a pandemia do coronavírus, Gallego disse que nada mudou no país, que tem apenas dois casos da doença.  “A vida segue igual. Estamos tomando medidas individuais e coletivas antes das partidas e dos treinos. Lavamos nossas mãos com álcool e sabão antes de começar, ao nos hidratarmos e ao final dos jogos e treinamentos… Faço meu confinamento particular, só saio para treinar, jogar e fazer compras de alta necessidade. Não foi decretado nenhum estado de emergência aqui”. Jogadores das equipes do país pediram a suspensão do campeonato, algo que foi votado pelos clubes. 9 dos 10 optaram por seguir. Somente o Diriángen, vice-líder da competição, optou pela pausa. A única medida tomada foi a de portões fechados nos estádios. Gallego teme pela família, que está na Espanha, um dos países com mais casos no mundo (mais de 17 mil, com mais de 2 mil mortos). O atleta sempre viaja sozinha, sem familiares para jogar futebol. “Estou preocupado e eles comigo. Na cidade dos meus avôs, de 800 habitantes, já são quatro mortos”, revela. Gallego segue empilhando gols. Lidera o Manágua, hoje primeiro lugar no Clausura de Nicarágua. O coronavírus não parou o país. Pelo menos por enquanto.
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