Isso porque, ainda que os presidentes dos times não atuem com bola rolando, o regulamento da competição dá o direito de que eles sejam os responsáveis por cobrarem os pênaltis. O que pode, inclusive, mudar os rumos de uma partida, tornando-a ainda mais emocionante.
A FURIA é um dos 10 times confirmados para a Kings League Brasil. Ao todo, a equipe contará com 13 jogadores, sendo três os chamados Wild Cards, que são Lipão, Leleti e Jeffinho, trio estrelado do fut7 que já atuou pela franquia. Os demais serão conhecidos após o draft, que será realizado no próximo dia 24 de fevereiro.
O time ainda contará com os influenciadores Fausto Carvalho, o Jorginho, Negrete e Sofia Espanha como embaixadores da Furia, que terá como técnico para o torneio Dudu Oliveira.
Em exclusiva à ESPN, Cris Guedes contou os bastidores de como Neymar foi de mero "entusiasta" da Kings League a efetivamente presidente da FURIA, que fez a sua estreia na competição em 2024. E também respondeu à pergunta que não quer calar: o astro vai bater o famoso "pênalti do presidente" durante a disputa ou não?
"Esse namoro vem desde quando ele jogava no PSG. Começamos a consumir Kings League e falávamos 'acho que esse negócio daria certo no Brasil'. Todo final de semana a gente via após os jogos dele, via o Agüero, o Ronaldinho fez uma aparição lá, e a gente pensava 'a gente precisa disso no Brasil'. ou um ano, o Piqué fez o convite para o Neymar ser presidente de um time no Mundial de Clubes, o Neymar não pôde junto a questões contratuais com o Al Hilal e falou: 'tenho os meus amigos da FURIA, será que pode ter uma organização?'. O Piqué não hesitou, já sabia da gente, tínhamos um relacionamento, a FURIA já tem a sua notoriedade no Brasil e no mundo, e ele falou 'Ney, se você quiser, vamos embora'", disse.
"O Ney deu a oportunidade para a gente e a partir dali falou 'Cris, você é o presidente, você toca da forma que quiser junto à Furia'. Porque o presidente é diferente, não é aquele presidente (tipo) Florentino Pérez, Marcelo Teixeira, é um presidente que faz parte do entretenimento. O presidente bate pênalti e tal, e eu falei: 'Ney, também não faz sentido você não ser presidente, você é o dono do projeto, trouxe ele para a gente, a gente namorou junto o projeto'. Por questões contratuais não deu, ele virou o nosso presidente de honra, com aquela nomenclatura, e logo depois que começaram a ter esses rumores de que ou ele ficava no Al Hilal ou vinha para o Santos, já tinha plantado a sementinha. Então sempre que dava um espacinho, eu falava 'e aí, Ney? Será que agora dá para virar presidente? Vindo para o Brasil fica mais fácil'", prosseguiu.
"Estava muito bem encaminhado junto ao estafe dele, ao pai dele, que se surgisse alguma oportunidade, ele poderia entrar com a gente como presidente, e deu certo. É uma honra, é um sonho que eu estou vivendo. O meu sonho era ser jogador de futebol, estou conseguindo alcançar alguns sonhos depois que surgiu a Kings League, e agora estar sentado em uma cadeira de presidência ao lado do Neymar é aquela cerejinha que faltava do bolo. É sonho que estamos vivendo junto do Ney agora."
Campeão inédito pelo Brasil da Kings World Cup Nations, a Copa do Mundo da Kings League, realizada em janeiro deste ano na Itália, Guedes foi um dos presidentes e se destacou batendo pênalti na disputa, em uma seleção que tinha craques como Kelvin, da G3X, o melhor do mundo no fut7. E Guedes explicou como vai compartilhar o cargo de presidente da Furia com Ney na Kings League Brasil, inclusive, nos penais.
"Desde muito novos nós somos apaixonados por performance, a gente não gosta de perder um para o outro, a gente junto não gosta de perder para os outros, então desde o dia um que surgiu a Kings League, nós somos envolvidos com performance. Eu e Neymar somos envolvidos em performance, então em contratação, em escolha de draftado, em contratação de pessoas que estudam performance. O Ney traz muitas coisas dos clubes no qual ele ou, muita bagagem do que tem que ser inserido para a performance, para chegarmos no objetivo final, que é ser campeão", disse.
"O Ney, sim, se ele tiver oportunidade bater com as agendas dele, no qual ele possa estar presente no jogo e bater um pênalti, lógico. Eu quero que ele bata pênalti, porque é até roubado para a gente, você vê aí como o menino bate o pênalti, vai ficar difícil para os outros presidentes. O Ney é envolvido desde o Mundial de Clubes, já amos pelo Mundial, Supercopa Desimpedidos, Nations League. O Ney me ligava, dava pitaco, então muita coisa do que o Ney falou em bastidor, que ninguém sabe, eu falava para os treinadores, saiu gol através das falas dele. Ele é um gênio, um gênio da bola, está mais do que comprovado, e a gente ter um cara desse lado, que possa bater o pênalti, que possa dar pitaco em performance, tem tudo para dar certo porque é o Neymar (risos)", continuou.
"Eu acho que eu bati muito bem o pênalti (na Kings World Cup Nations), então ele vai ter que pensar duas vezes antes de tentar tomar o meu posto (risos)."
E Neymar também já trabalha ativamente nos bastidores da FURIA. O craque até mesmo fez questão de conhecer pessoalmente os Wild Cards do time.
"Ele pediu para eu levar as nossas estrelas, estão com a gente há quase um ano e não tiveram a oportunidade de conhecer o Ney, e ele quer estar mais próximo, agora que ele pode estar mais próximo. Então ele pediu para eu trazer os moleques do Rio, levar até a casa dele, conhecer, aram lá a tarde. Mudou a vida dos moleques, eles já eram muito fãs dele, e os caras falam 'obrigado, Cris, obrigado, Ney, por estarem fazendo isso com as nossas vidas'. O Ney gosta, está no sangue do Ney, está no nosso sangue desde o dia um, quando foi criada a FURIA. Criamos o intuito de impactar a vida das pessoas, como a gente faz para mudar as vidas das pessoas, como eu fui impactado um dia, minha mãe, doméstica, uma moça que pagava ela impactou a minha vida, me tirando da favela e me colocando em uma escola particular", disse.
"A vida me deu muita coisa, como que eu replico isso? Então a gente tem muito debate aqui dentro da FURIA, eu, Akkari, Jaime, Guerri, junto com o Ney também. 'Ney, como a gente pode mudar a vida das pessoas?' O Ney tem um projeto maravilhoso em Praia Grande, que é o Instituto (Neymar Jr.). A gente pensa em levar o time lá, depois de draftar com as nossas estrelas. As crianças vão consumir muito Kings League, imagina só a Fúria estar no Instituto, o Ney abrindo as portas para a gente poder treinar. As melhores coisas possíveis podem acontecer aqui no Brasil e, cada vez mais, impactando a vida das pessoas."
Cris explicou como a presença de Neymar na FURIA pode ajudar a Kings League a ser impulsionada ainda mais no Brasil e cair de vezes nas graças do público, que aos poucos começa a se acostumar com a nova modalidade. E também mudar e impactar a vida das pessoas.
"O que o Neymar coloca a mão, vira uma chave. Mas eu penso além disso, não só em imagem, patrocínio e tal, eu penso nas oportunidades que isso pode gerar para a molecada. Hoje, o Brasil tem até a Série D, tem a várzea. A Kings League está mudando a vida de jogadores, tem o Kelvin, o Leleti, Lipão, Jeffinho. São jogadores que já tentaram jogar o futebol tradicional, não tiveram oportunidade e, hoje, na Kings League ganham notoridade. Imagina o cara estar perto do Neymar, ele bater um pênalti contra um goleiro que tem chance de pegar o pênalti, ou estar em um time do Neymar, do Gaules. A Kings League tem tudo a crescer, e eu puxo todos os presidentes das outras equipes comigo, porque a gente é rival dentro de campo, e se todos tiveram o mesmo intuito que nós, Fúria, Neymar, é um todo, de alavancar mesmo a galera que não tem oportunidade, que a agora vai ter oportunidade de ser draftado. Não vão ser só três meses a Kings League, eu espero que ela dure 10, 20, 30 anos, e vire referência mesmo, como NBA, NFL, e mude a vida de pessoas. Muito mais do que dinheiro, patrocínio, são as oportunidades que a Kings League vai criar para a molecada da favela, para a molecada que não teve oportunidade no futebol tradicional. Eu acho que tem tudo para dar certo, com certeza."
Sócio e diretor de marketing da FURIA, Pedro Lopes também contou como a presença de Neymar vai impactar o time que disputará a Kings League e também a própria marca.
"Para nós é um sonho. Eu tenho mais de um sócio que é amigo pessoal do Neymar, a gente já tem uma relação muito bacana com ele de muitos anos, ele sempre foi um torcedor e um entusiasta da FURIA. E agora a gente ter a oportunidade de ter o Neymar, que é o maior nome do futebol brasileiro na atualidade em exercício presidente do nosso time, eu não tenho nem palavras para descrever o quanto isso é importante para a gente, gratificante, e tenho certeza que nesse momento que estamos vivendo ter o Neymar com a gente é algo muito grande, a gente não consegue nem dimensionar isso ainda nesse primeiro momento. Vai cair a nossa ficha do que estamos vivendo (risos)", disse.
Como surgiu a FURIA? 1l1s4y
O que era para ser um atempo, se tornou um grandioso projeto. Foi assim que a FURIA deu os seus primeiros os e saiu do papel depois que Cris Guedes trouxe o jogo de computador Counter Strike, o famoso CS, para Neymar, que à época tinha acabado de deixar o Santos rumo ao Barcelona.
Com o ar dos anos, ao lado de Jaime e Akkari, além de Nicholas "Guerri", o projeto saiu do papel e se transformou na FURIA, que hoje tem até torcida organizada e também virou tema de tatuagem na pele dos seus fãs.
Hoje, a FURIA é uma das maiores organizações de esportes eletrônicos do mundo e possuiu cinco diferentes escritórios, em São Paulo, Boca Ratón (Flórida, EUA), Malta, Los Angeles (Califórnia, EUA) e uma representação comercial na China. São mais de 200 colaboradores, somando toda a parte istrativa e seus players. A empresa ainda conta com operações dedicadas de psicologia e fisioterapia para os seus integrantes.
"Começou com o Guerri. Ele veio com uma ideia muito maluca para o Akkari, em 2017. 'Akkari, se a gente investir nisso daqui, no futuro isso vai ser uma máquina de entretenimento, a gente terá condição de ganhar dinheiro'. O Akkari, investidor e apostador nato, jogador de pôquer, falou: 'eu vou, mas não vou sozinho'. Foi quando teve o convite para mim, para o Jaime, tudo começou embrionário com o Guerri e o Akkari, sou muito grato aos dois e ao Jaime também. A FURIA transformou de fato a minha vida, foi quando eu consegui dar a casa para a minha mãe, consegui realizar alguns dos meus sonhos", contou.
"Lá em 2014, assim que o Ney saiu do Santos, chegamos em Barcelona e não tínhamos o que fazer. Eu cheguei e falei 'tem um jogo chamado CS, você lembra?'. Aí ele 'sério?'. 'Sério, vamos comprar uns notebooks e ficar dentro de casa, jogando'. A gente não sabia onde sair para comer, de nada, vamos ficar jogando aqui. Então tudo tem um porque. Em 2015, o atempo para a gente foi o CS, em 2017 o Guerri vem com uma proposta de CS, e eu sou esse cara de relacionamento, de networking, muito comunicativo. O Ney levou para a seleção e virou o que virou. Hoje, a FURIA tem gente com a logo tatuada no corpo, tem gente que chora, tem gente que briga, xinga a gente. Tomou uma proporção inacreditável, ninguém esperava chegar até onde a gente chegou. Mas eu acho que quando você tem um sonho, quando você faz tudo ali regradinho, quando você não a a perna em ninguém, não vai dar errado. Esse é um pouquinho da fórmula do 'sucesso'", continuou.
"Eu sou um menino sonhador, eu tinha o sonho de ser jogador de futebol, de dar uma vida melhor para a minha mãe. A minha mãe me abriu essas portas junto da patroa dela, doutora Gláucia, foi a minha pediatra, e foi quem pagou a primeira escolar particular para mim. Enquanto a minha mãe trabalhava de segunda a segunda, fazendo todo esse esforço, ela me colocou em uma escola particular, que eu tive a oportunidade de conhecer um dos meus melhores amigos hoje (Neymar), padrinho da minha filha, construí uma história muito bonita com ele. O cara virou um dos maiores da história do futebol. O Cris é um cara sonhador, cheio de objetivos e metas da vida, que ao longo do caminho, depois desses 12 anos, que eu saí de casa, saí da favela faz 24 anos, conquistei bastante coisa, fui atrás dos meus objetivos. Se você persistir, sempre com lealdade e muita humildade, eu acho que não tem como dar errado", disse.
Cris ainda falou sobre o impacto com a criação da Kings League e de como a presença do Brasil agora na competição pode ajudar a expandir ainda mais a modalidade pelo país.
"Eu sou um cara apaixonado por futebol, então eu penso um pouquinho fora da casinha. Depois que eu fui evoluindo, amadurecendo, eu comecei a pensar em negócios. E o Piqué não pensou diferente, ele pensou em um negócio. Hoje você a 90 minutos sentado assistindo a um jogo de futebol que pode terminar em empate, hoje o cara é punido quando dribla. Eu não consigo levar o meu filho para assistir a Corinthians x Santos porque eu não posso entrar no estádio, a gente não sabe o que a na cabeça dos outros. O futebol tradicional ficou um pouco chato. Você pega algumas coisas de fora do país, NFL, NBA, é entretenimento do começo ao fim. E a Kings League não é diferente, você tem entretenimento, adrenalina, até o fim, do minuto um ao quarenta. Você não sabe o que vai acontecer, você fica 40 minutos sentado com a adrenalina a mil, e o jogo pode virar em um pênalti do presidente, em uma carta, em um x1, x2, em um dado. A Kings League veio para quebrar um paradigma de futebol, não que ela vá substituir o futebol tradicional, é impossível. O futebol tradicional está em outro patamar, é o maior esporte que o planeta tem, mas a Kings League vai deixar um legado por um bom tempo. Eu fiz até tatuagem, fomos campeões da Nations League, de seleções da Kings League, e fomos os primeiros campeões no mundo. Eu não sei aonde vai parar, mas o meu nome está marcado na história, e a história está marcada aqui na minha coxa (risos)", disse.
"O Brasil é o país do futebol, ponto. O que envolver o futebol tem que ter no Brasil. Nós, FURIA e G3X, fizemos um bom Mundial de Clubes, então quando você pega jogadores dessa qualidade, pega o nível de performance e pega também o entretenimento, porque a gente, eu, Gaules... eu dei o show lá, tem o apoio do Neymar, tem apoio de todo o Brasil, e a galera começa a olhar para o Brasil de um modo diferente. Em uma reunião que eu tive com o Piqué eu falei: 'você é espanhol, não entendo o que é o Brasil quando se fala de futebol. É religião'. E ele falou 'não, aqui a gente já está um nível acima, já jogamos há dois anos a Kings League'. Eu falei: 'mas a bola é redonda, não é porque você jogam há mais tempo que a gente, que não vamos dar trabalho'. Fomos eliminados nas quartas de final pela G3X, eles chegaram na final, mas não conseguiu ganhar. Mas fomos no Mundial de seleções, juntaram os times e mostramos para eles o que é o futebol brasileiro (risos)."