Nesta sexta-feira (15), Neymar deve fazer sua tão esperada estreia pelo Al Hilal, contra o Al Riyadh, às 15h (de Brasília), pela Saudi Pro League. 2f6w2e
Será a 1ª partida do astro em um mercado "alternativo" do futebol, já que antes ele desfilou suas jogadas em grandes ligas europeias, como LALIGA e Ligue 1, com as camisas de Barcelona e PSG, além de ter brilhado pelo Santos em sua terra natal.
Ter alguns dos maiores nomes do Brasil em ação em mercados mais periféricos da bola, porém, não é novidade.
Nas últimas décadas, vários craques se arriscaram em clubes alternativos em seus estágios mais avançados da carreira - quase sempre em troca de boas recompensas financeiras.
Abaixo, a ESPN lista alguns dos casos mais famosos de atletas de renome do futebol nacional que tiveram experiências mundo afora.
Vale citar que, na maioria dos casos, os clubes citados hoje são mais reconhecidos mundialmente, enquanto os mercados já são vistos como "normais".
No entanto, não era bem assim na época das transferências...
1 - Garrincha no Junior Barranquilla (Colômbia):
Após brilhar nas conquistas das Copas do Mundo de 1958 e 1962, Garrincha começou a sofrer com uma dura lesão no joelho a partir de 1965, que piorou após cirurgia. Tanto é que, no Mundial de 1966, ele não foi nem sombra do jogador que encantou o mundo desde seu surgimento, no começo dos anos 50. Depois de ar rapidamente pelo Corinthians e depois jogar também de maneira relâmpago na Portuguesa Santista, Mané foi se aventurar no futebol colombiano.
Em 1968, o "Anjo das Pernas Tortas" acertou com o tradicional Júnior Barranquilla, com um contrato que o remunerava a cada partida em que entrasse em campo. No fim das contas, ele só vestiu a camisa alvirrubra em um duelo: uma derrota por 3 a 2 para o Independiente Santa Fe, que ao menos teve estádio abarrotado em Barranquilla. Depois de cerca de um mês na Colômbia, voltou ao Brasil para atuar no Flamengo, mas sua carreira estava no ocaso. Garrincha se aposentou em 1972, com a camisa do Olaria, do Rio de Janeiro.
2 - Pelé no New York Cosmos (Estados Unidos):
Após o fim de sua lendária agem pelo Santos, em 1974, Pelé se viu com problemas financeiros, devido a negócios malsucedidos fora do futebol, e aceitou proposta para jogar no New York Cosmos, dos Estados Unidos. Apesar de hoje a MLS ser uma liga bem estabelecida, à época a modalidade ainda "engatinhava" em solo norte-americano, e o "Rei" é considerado um dos grandes responsáveis por despertar o interesse pelo soccer na nação da América do Norte - até mesmo o presidente Gerald Ford o recebeu na Casa Branca.
Ao todo, Pelé atuou por três temporadas no Cosmos, registrando 65 gols em 111 partidas, e foi campeão da North American Soccer League em 1977. Segundo o jornal The New York Times, ele recebeu US$ 7 milhões por suas três temporadas de vínculo, o que o tornou (de longe) o atleta mais bem pago do mundo à época (leia mais sobre a agem de Pelé pelo Cosmos em reportagem especial da ESPN).

3 - Rivellino no Al Hilal (Arábia Saudita):
Em 1977, após o fim de sua histórica agem pelo Fluminense, Rivellino aceitou convite para atuar pelo Al Hilal, da Arábia Saudita - curiosamente, mesmo time que hoje Neymar defende. Em termos de gols e taças, sua agem pelo futebol saudita pode ser considerada boa, já que ele foi campeão nacional em 1978/79 e ainda faturou uma Copa do Príncipe em 1979/80. No entanto, a ida para o Oriente Médio acabaria forçando o astro a encerrar sua carreira mais cedo do que ele gostaria.
Isso porque ele brigou com o Príncipe Khaled, à época dono do Al Hilal, e deixou a equipe saudita às pressas, ficando depois enrolado em questões contratuais. Ao retornar ao Brasil, o craque tinha a chance de vestir a camisa do São Paulo, mas, por seu e ainda pertencer ao clube árabe, Rivellino acabou pendurando as chuteiras em 1981, aos 35 anos, sendo que, originalmente, tinha planos de jogar até depois dos 40.
4 - Zico no Kashima Antlers (Japão):
Em 1989, Zico encerrou sua 2ª agem pelo Flamengo, que havia sido iniciada em 1985, depois que ele voltou da Udinese, da Itália. Sem vontade de pendurar as chuteiras, ele topou o desafio de jogar em um dos mercados da bola que estavam sendo "inaugurados" para estrangeiros no Oriente: a J.League, do Japão. O "Galinho" foi contratado pelo Sumitomo Metals, que depois aria a se chamar Kashima Antlers, e ou como um furacão por terras japonesas. Ao todo, ele marcou 49 gols em 69 partidas pelo clube, sendo ídolo até hoje não só em Kashima como em todo o país (o Antlers tem até uma torcida organizada chamada "Zico Espírito").
Sua agem pela "Terra do Sol Nascente" foi considerada como essencial para os japoneses se apaixonarem pelo futebol. Prova disso é que, a partir de 1993 (ou seja, dois anos depois da chegada de Zico), a J.League teve sua primeira edição considerada profissional, sem atletas amadores ou semiamadores. O "Galinho" ainda teve agens posteriores como técnico e diretor do Antlers, além de ter comandado a seleção japonesa na conquista da Copa da Ásia 2004 e na disputa da Copa do Mundo de 2006.

5 - Bebeto no Toros Neza (México):
No final dos anos 90, após agens de sucesso por Flamengo, Vasco, Botafogo, Deportivo La Coruña e seleção brasileira, o atacante Bebeto foi mais um a se aventurar no estrangeiro, em uma liga que à época era pouco conhecida pelos brasileiros: a mexicana. Logo depois do inesperado vice na Copa do Brasil de 1999 com o Botafogo, o herói do Tetra foi para o Toros Neza, do México. Sua agem pelo campeonato local, porém, foi rápida e tenebrosa.
Bebeto só fez oito jogos pelo Toros (com dois gols) e acabou tendo vários problemas com o clube, que parou de pagar seu salário. Ele deixou a equipe após brigar feio com o então presidente do time, Juan António Hernandez, e só foi conseguir receber o que lhe era devido após entrar com processo na Fifa. O Toros acabou rebaixado para a 2ª divisão, e o atacante se mandou para o Japão na sequência, indo jogar no Kashima Antlers - que tinha ninguém menos do que Zico como técnico na ocasião.
6 - Romário no Al Sadd (Qatar):
Em 2002, Romário estava atuando pelo Fluminense e estava em busca frenética pelo 1000º gol na carreira. Com cerca de 900 anotados até a ocasião, ele foi seduzido por uma proposta irrecusável do Al Sadd, do Qatar, em uma época em que o futebol do Oriente Médio ainda não tinha a mesma fama atual (apesar de já ter muitos petrodólares). O "Baixinho" acertou um contrato de três meses com o Al Sadd, em troca de US$ 1,5 milhão e da chance de colocar muitas bolas na rede em um campeonato de nível técnico muito inferior ao Brasileirão. No entanto, as coisas não saíram como o esperado para o eterno camisa 11.
Logo após chegar à nova equipe, o matador se lesionou, algo raro em sua carreira até ali, e conseguiu fazer só três jogos pelo time qatari. Para piorar, não conseguiu marcar um golzinho sequer pelo clube alvinegro, deixando sua contagem parada. Após o fim do vínculo, Romário retornou ao Fluminense e seguiu fazendo o que sabia de melhor, alcançando o tão sonhado 1000º gol em 2007, quando estava atuando pelo Vasco, em duelo contra o Sport, pelo Brasileirão.
7 - Rivaldo no Bunyodkor (Uzbequistão):
Após ser um dos grandes destaques da conquista do Penta na Copa do Mundo 2022, o pós-Mundial de Rivaldo foi bastante peculiar. Depois do torneio de seleções, ele acertou sua ida para o "Super-Milan" de Carlo Ancelotti, mas não encaixou no gigante italiano e voltou ao Brasil já em 2004 para uma agem meteórica pelo Cruzeiro. Após isso, partiu para uma aventura no futebol da Grécia, atuando pelo gigante Olympiacos e também pelo AEK Atenas, e fazendo grande sucesso. Na sequência, porém, seu próximo destino surpreendeu a todos: o desconhecido Bunyodkor, do Uzbequistão, que vinha fazendo grandes investimentos e traria também o técnico Luiz Felipe Scolari para comandar o plantel.
Por um contrato de duas temporadas, Rivaldo recebeu mais de 10 milhões de euros, renovando depois o vínculo por mais uma temporada. Em termos de gols e títulos, a agem rendeu bem: foram 42 bolas na rede em 76 partidas e três títulos da liga local, além de duas copas nacionais. O craque regressou ao Brasil e ou rapidamente pelo São Paulo, tendo ainda depois mais uma aventura "alternativa" e atuando pelo Kabuscorp, de Angola, em 2012.